O início dos anos sessenta no Brasil foi marcado por movimentos sociais populares, violentamente reprimidos pela revolução de extrema direita de 1964. Nesse contexto, crescia Marcos Maurício, filho do pintor Luciano Maurício e da atriz Eny Autran (irmã mais velha do ator Paulo Autran). O artista lembra que sua mãe pedia que ele não comentasse, na escola, as críticas que ouvia em casa sobre o regime militar. Naquela época, havia espiões por toda parte, dispostos a entregar os subversivos às autoridades. Era um tempo sem liberdade. Isso não impediu
que Maurício tivesse uma infância tranquila. Já aos cinco, seis anos demonstrava vocação para o desenho. Quando fazia seus trabalhos artísticos na escola, a aula parava para vê-lo desenhar. A primeira escolinha de arte que frequentou foi um curso mantido pela Fundação Armando Álvares Penteado para crianças, e seu professor foi Naum Alves de Souza. Nessa época iniciou uma próspera amizade com Paulo Miklós (que mais tarde iria fundar a banda Titãs). Na adolescência, como todos os jovens dos anos setenta para cá, aproximou-se da música. Em 1978, voltou-se para as artes plásticas ao entrar na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, onde se formou em 1982. Lá conheceu José Leonilson, Luís Zerbini, Jack Leirner, Ana Tavares, Mônica Nador e seus mestres Nélson Leirner, Regina Silveira e Tomoshigue Kusuno. Esse foi o tempo das influências em seu trabalho.
O contato com as obras modernas e contemporâneas foi fundamental para o desenvolvimento da arte de Marcos Maurício. Marcaram muito sua pintura obras de artistas como Paul Klee, Philip Guston e Luís Paulo Barave
Logo o artista passou a fundir essas influências em um trabalho que se distingue pela presença constante, e marcante, de fortes críticas à classe política e à pequena burguesia brasileira. também se dedicou (se dedica?) ao tema da solidão nas grandes metrópoles. Em entrevista ao "Jornal da Tarde", de São Paulo, declarou: "Essas imagens foram todas condensadas e deram origem a uma expressão particular minha". Um dos maiores artistas plásticos brasileiros, o pintor e gravador João Rossi, escreveu sobre ele: "Marcos Maurício é professor e comunicador sensível. Será, se ainda não é, figura marcante na plástica brasileira desta nova geração. Moço ainda, é portador de "FORMA" peculiar de expressão e comunicação, de linguajar compositivo sereno e maduro; será, indubitavelmente, um marco no cenário artístico latino-americano. Marcos Maurício transita comodamente no manancial da micro e macro forma, plasmando fartamente imagens energéticas e sensíveis, raro acontecimento artístico visual. Com propriedade é capaz de expressar cromatismo sutil, pleno de vivências e senso de criatividade. Sem dúvida , estamos diante de um jovem e talentoso artista plástico."
Logo o artista passou a fundir essas influências em um trabalho que se distingue pela presença constante, e marcante, de fortes críticas à classe política e à pequena burguesia brasileira. também se dedicou (se dedica?) ao tema da solidão nas grandes metrópoles. Em entrevista ao "Jornal da Tarde", de São Paulo, declarou: "Essas imagens foram todas condensadas e deram origem a uma expressão particular minha". Um dos maiores artistas plásticos brasileiros, o pintor e gravador João Rossi, escreveu sobre ele: "Marcos Maurício é professor e comunicador sensível. Será, se ainda não é, figura marcante na plástica brasileira desta nova geração. Moço ainda, é portador de "FORMA" peculiar de expressão e comunicação, de linguajar compositivo sereno e maduro; será, indubitavelmente, um marco no cenário artístico latino-americano. Marcos Maurício transita comodamente no manancial da micro e macro forma, plasmando fartamente imagens energéticas e sensíveis, raro acontecimento artístico visual. Com propriedade é capaz de expressar cromatismo sutil, pleno de vivências e senso de criatividade. Sem dúvida , estamos diante de um jovem e talentoso artista plástico."
É nesse sentido que Marcos Maurício trabalha com humor as imagens urbanas do cotidiano. Suas figuras são distorcidas, segundo ele, "de maneira a reintroduzir o mistério e a estranheza, a magia que a arte formal e esterilizada perdeu. As figuras são estranhas, mas todo mundo reconhece, em si, um eco de uma verdade universal." Em Marcos Maurício, o amálgama moderno, como ele chama, parte da colagem, técnica que aprendeu a cultivar desde os tempos da FAAP, quando estudava as obras dos dadaístas e surrealistas, mestres nessa técnica. "Em uma assemblage você pode fazer e desfazer experiências tendo o aleatório como fio condutor. O lado casual vem de uma primeira movimentação, em que se atiram elementos como recortes de revistas, embalagens, borrachas, madeiras e outros materiais. Começo trabalhando nesse caos, caçando e modificando justaposições plásticas. O acontecimento visual é pleno quando este se aproxima do sentido e do meu objetivo expressivo. Toda essa experiência eu transportei para a pintura, onde a tinta acrílica permite um manuseio maior e mais rápido das várias alternativas comutadas."
Em 1994 Maurício realiza uma importante experiência na área da performance com Lisarb od Laicos. Apresentada no evento "Arte Chamas" para um público de cerca de 700 pessoas, foi registrada em vídeo. Aqui o artista mostra a sua concepção de performance não como teatro, mas sim como um gesto performático vivido pelo autor e pela plateia.
Em 2002, depois de vários prêmios e exposições individuais e coletivas, Marcos assume a coordenação do ensino médio numa das mais importantes escolas técnicas do Estado: A ETEC Guaracy Silveira. "Parei de pintar por alguns anos. Envolvido com o ensino da Arte em nível médio e em um curso de História do design de móveis da ETEC, posso dizer que acredito que as coisas têm o seu tempo. E agora estou de volta à arte, e criando cada vez melhor".
Carta de amor e despedida- 2012